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Um lago chamado Pinheiros

Quem vive em cidade que tem rio e cujo rio é "vivo", entende o quanto é triste ver o Pinheiros como é hoje. O convívio com as águas, além de nos levar para perto da natureza e da sensação de vida que se movimenta nas correntes do rio, é um lugar onde se pode estar com outras pessoas e que é capaz de nos sensibilizar para a comunhão do espaço público.

Hoje, poluído e isolado da população - banhar-se no Pinheiros é risco de vida! - o Rio se tornou um grande lago de sujeira. Retrato de décadas de descaso com a história e a saúde da população, sim, mas, sobretudo, retrato do nosso modo tosco de pensar a riqueza: o rio corta e se expõe, com suas águas mal cheirosas e escuras, uma das regiões mais afortunadas da cidade. Cercado de prédios de luxo e escritórios onde grande parte do dinheiro do País circula, o Rio Pinheiros compõe uma paisagem esquisita, incompreensível, paradoxal, mas que, ao final, só consegue ser aceita e vista com "naturalidade" em função de um modo de pensar que está parado em séculos atrás, quando era natural ver os escravos carregando sobre os ombros os barris de sujeira dos seus senhores para despeja-los no rio.

O curta "Rio Pinheiros: sua história e perspectivas" traz um apanhado bem resumido dos problemas deste rio: ausência de limpeza urbana, de tratamento de esgoto, problemas de canalização clandestina, crescimento desordenado da cidade são alguns dos problemas apontados. Problemas que, evidentemente, não se resolvem apenas com desassoreamento ou pelo plantar cercas vivas ao longo do seu curso para que quem passa não o veja.

Veja, e se puder, me conte o que achou.

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